Talvez só para Domingos Bragança e Seara de Sá esteja já tudo discutido sobre a “ideia de cidade”.
Feliz ou infelizmente, é evidente que não está.
Falta discussão pública, falta participação das forças vivas concelhias, falta essencialmente perceber qual é que é a ideia dos decisores actuais e discutir, construir em cima de uma proposta concreta que permita agarrar a decisão do passado recente e procurar as soluções para amanhã.
Mas ninguém sabe qual é a ideia que os responsáveis municipais têm para o território e de forma particular para a cidade.
Aquilo que se sabe hoje é que no início da década de 2000 se retalhou a cidade definindo uma matriz urbana com um impacto que hoje começamos a perceber e portanto importa perceber o que existe e o que queremos ou não implementar.
Para que no futuro a surpresa seja positiva e não um susto.
Neste cenário de dúvida, será porventura questionável que se ataque os que ousem apresentar ideias sobre o assunto.
Recordo macro projectos para a Cidade (e não apenas para a Cidade, também uma visão para o território nomeadamente ao nível da localização de parques industriais e vias de comunicação que acrescentassem coesão territorial) que nas últimas autárquicas foram colocadas a avaliação dos Vimaranenses.
Uma coisa é discordar, outra coisa é atacar a visão.
Ao contrário do que alguns defendem, não é para mim evidente que a derrota nos votos reflicta uma total discordância com as propostas. É difícil discernir o todo da parte no que respeita a eleições e às motivações do voto.
Mas nessa dimensão será ou não sintomático o coração da Cidade (Oliveira, São Paio e São Sebastião) ter dado a vitória para a eleição da Câmara Municipal a quem apresentou ideias concretas para a Cidade com projectos que uns apelidarão de arrojados, outros de megalómanos?
Será que a Cidade não quis também exprimir através do voto um desejo de alteração do status do urbanismo?
Aos mais desatentos convém recordar que Domingos Bragança já assumiu a intenção de concluir a circular urbana, concretizando assim uma proposta de outras forças partidárias. Não é e não será a única proposta a ser aproveitada por aqueles que os vimaranenses quiseram aos destinos de Guimarães.
Quem governa com uma maioria absoluta consolidada por 30 anos de poder executivo, deve assumir o peso da responsabilidade e da exigência que recai sobre as suas opções passadas, presentes e futuras. É a esses que devem ser exigidas respostas e acção em primeiro lugar.
E só depois – se sobrar espaço e tempo para tal – aos que ousam intrometer-se no debate de ideias sem capacidade de executar.