Depois de consumada a saída (pela porta pequena) de Passos Coelho, antecedida pelo mais esperto e irreversível Paulo Portas, a direita portuguesa concluiu o processo de restabelecer lideranças.
O CDS, com aquela vitória de Pirro, conseguida à custa do ex. parceiro de coligação, em Lisboa e talvez cansado de ser penduralho, procura tirar a “prova dos nove”, para saber se continua ou não, a ser o partido do táxi.
O PSD, ainda atordoado e sem saber como se deixou arrastar para os extremos da direita, lá conseguiu ressuscitar alguém, que quisesse tomar conta de uma barca em vias de afundar.
Rui Rio foi o escolhido, entre dois candidatos que, politicamente, estariam mais para as pantufas do que para aquelas lides.
Quem acompanha o desenvolver da política nacional, com facilidade concluirá que, do lado da direita mais conservadora, não virá nada de preocupante, tendo em conta o efeito da pancada, sofrida em 2015.
Assim sendo, perguntarão os leitores, onde está o problema?
Bom! Quem estiver atento às entrelinhas, irá notar uma mal disfarçada euforia, relativamente a sondagens que, paulatinamente, são realizadas por várias empresas da especialidade.
Comentários do género: “PS quase a poder prescindir do PCP”, “PS quase a atingir a maioria absoluta”, etc. etc.
Por outro lado, não podemos esquecer que, dentro do Partido Socialista, existem facções que de socialistas nada tem e que, em termos de posicionamento à direita, pedem meças a qualquer PSD ou CDS.
Os inimigos dos acordos à esquerda, não desapareceram e não é só Rui Rio que anda a construir um governo-sombra (se bem que, pelo que se vai conhecendo, até a própria sombra terá dificuldade, em acompanhar a rotação do planeta).
Portanto, o problema estará dentro do PS, com os “Assisistas” à espera da hora boa e, com o aproximar das legislativas, não perderão a oportunidade de aparecer, convidados por rádios, jornais e televisões.
Resta saber até que ponto, a ala esquerda do PS, resistirá à tentação do absolutismo, ao chamamento da direita, em suma ao canto da sereia.
O avanço da extrema-direita, nacionalista, xenófoba e racista, que se vai verificando por essa Europa fora, deveria ser uma das grandes preocupações, por parte de quem se autoproclama de Social-democrata ou Socialista.
Não esqueçamos que, muitos dos juram fidelidade à democracia e na primeira oportunidade, arrancarão o disfarce e mostrarão a verdadeira massa de que são feitos.
O Brasil, um país à deriva, nas mãos de toda a espécie de vampiros, também nos dá fortes motivos de reflexão e razões para estarmos atentos.
Porque eles, andam por aí!
Joaquim Teixeira é militante do Bloco de Esquerda e é sócio-fundador e atual tesoureiro da associação NCulturas.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.