Um jovem iraquiano de 20 anos está há dois anos retido na ilha de Lesvos. Deixou a sua família e abandonou o seu país por ser um local perigoso, com muita guerra e discriminação. Foi até à Turquia de avião, onde permaneceu 4 dias até avançar para a Grécia de barco: “A viagem foi muito arriscada. Foi a primeira vez que vi o mar na vida. Não sabia nadar e não tinha colete salva-vidas. Mas arrisquei e consegui”. Quando chegou a Lesvos, foi levado pela polícia para o campo de refugiados de Moria e recorda-se de ter pensado “por que é que me estão a levar para a prisão?”.
Do tempo que lá viveu, conta que tinha de esperar horas na fila para ter comida e, por vezes, quando chegava a sua vez, já não havia. No inverno, não havia condições para suportar o frio e muitas pessoas morriam. Além disso, a comida era fraca e o atendimento médico muito precário, o que não permitia que as pessoas tivessem defesas suficientes para suportar as condições em que viviam. Após 8 meses a (sobre)viver, alugou um apartamento em Mytilini, a 7 km de Moria. Juntou-se, como voluntário, a uma organização que trabalha para alimentar mulheres e crianças no centro de detenção.
“Se as pessoas não têm uma alimentação de qualidade, não conseguem fazer mais nada. A alimentação é uma das coisas mais básicas que o ser humano precisa. Então, tentamos dar às pessoas comida de qualidade”. Atualmente, aguarda a aprovação do pedido de asilo, queixando-se da demora do processo na Grécia. Deixa uma mensagem importante àqueles que ainda vão embarcar na viagem para a Europa em busca de uma vida melhor: “Vão passar por muitas dificuldades, mas não percam a esperança. É só uma questão de tempo”.
