O Serviço Nacional de Saúde encontra-se debaixo de fogo. Quando se deveria estar a trabalhar para a nova Lei de Bases da Saúde para reforçar o serviço público que é prestado a todos, assistimos a vários ataques que fragilizam o SNS perante a população portuguesa.
Todos já ouvimos falar das urgências dos hospitais públicos cheios de utentes, e das longas esperas para sermos atendidos, um ou outro amigo tem uma história para contar dos meses de espera por uma consulta de especialidade, talvez se oiça que o vizinho já estava pronto para entrar na sala de operações e foi mandado embora para casa porque afinal foi adiada.
E se cada um dos portugueses é capaz de apontar o dedo ao SNS pelas falhas e erros, poucos serão capazes de negar que, apesar disso, ele é um dos serviços de saúde melhor do mundo, como afirmam os principais relatórios internacionais. Ninguém gosta de esperar pela consulta, pelo raio-x ou pela operação cirúrgica. Mas todos nós queremos ser atendidos de forma igual, sem que nos peçam o seguro de saúde, ou nos perguntem se temos dinheiro para pagar.
O SNS não é perfeito, precisa de mais profissionais, médicos, enfermeiros, técnicos especializados, auxiliares. O SNS precisa de um maior financiamento para melhorar os espaços de saúde, hospitais e centros de saúde, compra de material e de equipamento.
Por isso, a intenção de destruir o SNS com notícias que o desvalorizam e que o dão como morto, serve apenas aqueles que querem ganhar com o direito à saúde, que é um direito de todos nós. Quem desvaloriza o SNS e o dá como morto serão aqueles que facturaram 38 milhões de euros a mais à ADSE. Aqueles que desvalorizam o SNS e o dão como morto talvez sejam aqueles que querem que todos os portugueses tenham direito à saúde só se tiverem dinheiro para um seguro. Encher os bolsos aos privados parece ser o argumento mais válido para os que querem acabar com o SNS.
Assim é importante que cada vez mais se exija dos responsáveis, do Governo, que se invista menos na recuperação dos bancos, que se invista menos nos juros e na dívida que se podia renegociar. Na saúde como em todas as outras áreas da responsabilidade do governo central é necessário exigir que se financie, que se dêem mais condições de trabalho aos trabalhadores da saúde, que se faça a valorização de uma dos melhores serviços de saúde que existe há 40 anos e que, apesar dos ataques dos sucessivos governos, foi fazendo um caminho de melhoramento e aperfeiçoamento.
É necessário deixar de olhar para o SNS como o serviço que nos salva quando o serviço no privado corre mal, mesmo pago a preço de ouro. É necessário reflectirmos sobre o que se reforçaria no Serviço Nacional de Saúde com 38 milhões de euros em vez de ser aplicado no privado como receita ilegítima.